Boas,
No post de hoje falo-vos do que dá vida a quem no comércio trabalha - clientes. Ele há-os para todos os gostos e feitios.
Se há uns em que nos revemos, outros há que desejamos nunca ter conhecido. Uns são-nos indiferentes e por fim outros que nos marcam.
Posso então, em abono da verdade, catalogá-los em 3 estirpes - Os Bons; Os Maus; Os Feios.
Graças ao santo padroeiro de quem nas vendas trabalha - S. Tretas - (martirizado em 304 por Deocleciano por lhe tentar vender água benta fora da época de saldos), os bons são a maioria, embora também seja verdade que é dos Maus e Feios que melhor nos lembramos, por serem épicas as situações em que nos colocam.
Graças ao santo padroeiro de quem nas vendas trabalha - S. Tretas - (martirizado em 304 por Deocleciano por lhe tentar vender água benta fora da época de saldos), os bons são a maioria, embora também seja verdade que é dos Maus e Feios que melhor nos lembramos, por serem épicas as situações em que nos colocam.
Vivemos constantemente num western spaghetti, bem ao estilo de Sergio Leone.
Ainda há pouco tempo pensei estar num saloon de um destes filmes. Estava de manhã, sozinho, a rezar a S Tretas que me entrasse um cliente, quando, ouvidas as preces, não me entram um, mas sim três.
Ainda há pouco tempo pensei estar num saloon de um destes filmes. Estava de manhã, sozinho, a rezar a S Tretas que me entrasse um cliente, quando, ouvidas as preces, não me entram um, mas sim três.
Ao abordá-los fiquei esclarecido com o que cada um fazia ali, pois as suas posturas não davam azo para dúvidas.
O primeiro (o Bom), respondeu á minha abordagem com um sorriso e um simples - "Vou dar uma olhadela e já o chamo". O segundo ( O Mau ), ignorou a minha presença e abordagem com um olhar de soslaio daqueles to tipo "Como ousas importunar a minha presença com a tua existência?". Por fim o último (O Feio), respondeu ao meu apelo num dialecto pouco perceptível donde, após o meu pedido de "podia repetir por favor?", me respondeu com "Estou a ver." - clássico.
Até aqui nada do outro mundo, ( se bem que S Tretas podia ter sido mais meiguinho e mandar-me um cliente de cada vez), o insólito acontece quando O Feio me questiona sobre um artigo em fim de vida - "É este o preço?" - "Sim." respondo, " O Preço final está marcado individualmente em cada artigo."
"É publicidade enganosa!" - diz O Mau do outro lado da loja, metendo-se na conversa, "Põe uns letreiros muito lindos na montra e depois não é nada disto!" - "A que se refere?" - pergunto-lhe eu de modo a que possa matar ali a "besta". "Isto! Onde estão os artigos de 70%?!" - "Aqui, também aqui e este também é!" - com a sapiência que caracteriza, quem se julga mais do que os outros, responde-me com - "Pois... mas este não está!" - "Exacto! E eu também gostava de ser milionário, mas todos os dias trabalho para ganhar a vida." - Tau! mesmo directo na hipófise, que é para ver se o cérebro te cresce mais um pouco. O Feio sai em sua defesa com um eloquente - "Deixe lá que era só para ver!", (será que conseguia dizer mais alguma frase para além dessa?), a dúvida ficou-me até hoje.
Com os dois fora da loja sou abordado pelo Bom - "Gabo-lhe a paciência! Não deve ser fácil"; "Deixe lá, respire, olhe quero dois destes!" - "Obrigado!" - respondo, entregando-lhe os artigos e despedindo-me. Quando sai da loja fico a pensar - "se Deocleciano fosse um cliente "Bom" naquele dia, talvez S Tretas se tivesse safado só com uma reclamação no livro...