domingo, 30 de abril de 2017

Indiana Jones

 Boas,
 Um dos meus herois de juventude, foi sem dúvida Indiana Jones. O Dr Jones tinha, (e continua a ter), o dom de combinar num personagem tudo o que eu gosto - Humor, aventura e coragem, com um toque de arqueologia e História.
 Ora, estava eu bem longe de pensar, que ao ingressar no mundo do retalho iria, ser uma espécie de Indy, que, pese embora nunca tenha visto a Arca da Aliança, continue sem duvida, á procura do Santo Graal, quer isto dizer, do cliente imaculado que quando entrar pela porta dentro, nos purifique e traga o sucesso eterno da vendas.
 É bem verdade que não preciso de chicote ou de um Smith and Wesson para ultrapassar vendas difíceis, mas estaria a mentir, se não dissesse que a vontade de o ter já existiu múltiplas vezes ...
 ...Uma das vezes que me apeteceu puxar pelo chicote foi há uns tempos quando atendia mãe e filha.
 As senhoras,  uma a passar dos setenta e a outra a chegar aos cinquentas, precisavam de ajuda pois a mais velha necessitava de um calçado confortável e o podologista tinha-lhe dito que na minha loja seria uma boa opção para procurar.


  
 Uma vez escolhidos os modelos e cores passamos á fase de experimentar. A senhora muito educadamente me disse que "-Olhe podem até ser confortáveis, mas são mais feios que o Deus me Livre!". Ora, não sendo o "Deus me Livre" nenhuma personagem maléfica do universo Indiana Jones, calculei que fosse alguém das relações pessoais da senhora que tivesse caído de cara na altura do parto. Portanto, como sou um cavalheiro, anuí simpaticamente dizendo - "- Sabe como é, gostos não se discutem!".
 A filha, que agora acho que devia ser a quem a velhota se referia, pois já vi aos microscópio organismos uni-celulares com mais sex-appeal que a senhora, olhava de lado desdenhando em alguma lingua que, como infelizmente não tinha  o Mr Brody ou até o próprio Indy para me traduzir, fiquei em branco sobre o seu significado. Mas havia algo que eu percebia perfeitamente - a má vontade em ali estar, isto porque passado uma primeira fase em que tudo o que a senhora experimentava ficava bem e era "mesmo isso", passou para o contrario onde tudo lhe fazia espécie e as cores não encaixavam.
 Eu por minha parte tentava agradar a Gregos e Troianos, sabendo de antemão que os últimos perderam a guerra. Ás tantas, quando pela enésima vez diz à mãe que não lhe ficam nada bem, a mesma, farta já do filme, remata "-Eu não tenho culpa de o Dr me ter dito para vir aqui e tu só gostares daqueles sapatos com tacão de vidro!".
 Ora eu, nos meus anitos de vendas, nunca tinha ouvido de uma forma tão subtil alguem dizer a outra que basicamente "és uma besta sem coração, com o sentido estético de uma quenga".
 Feliz por aquele estalo de luva branca, decidi dar a minha opinião dizendo o modelo e cor que mais lhe favorecia, agradecendo mentalmente á senhora por ter evitado que o Indiana Jones em mim fosse obrigado a usar o chicote. 

quinta-feira, 27 de abril de 2017

The Lord of the Rings

 Boas,

 No post de hoje quero que voçês façam comigo um exercício de análise e vejam se não tenho razão, quando penso que trabalhar em retalho, é a mesma coisa que viver na Terra Média.
 Isto até há bem pouco tempo, não me fazia sentido nenhum, até receber a visita de um miúdo que tinha pouco mais de um metro e sessenta e calçava quarenta e cinco - logo um Hobbit - ora bem e se eu ainda pudesse imaginar que era um caso único, logo me desenganei com outro rapaz um pouco mais alto mas mais patudo.
 É verdade que nunca os vi descalços, logo não posso abonar se têm um pé tipo Yeti ou não mas, lá que não são normais, lá isso...


 Se pensam que os visitantes da terra média se ficam por aqui, é melhor pensarem melhor, isto porque, Elfos, que em retalho não têm orelhas pontiagudas, mas falam élfico, ou pelo menos algo muito semelhante porque eu não apanho patavina do que me querem dizer, é aos magotes. ainda o outro dia tive cá uma senhora, (não tão bonita como a Liv Tyler ou a Cate Blanchett, é certo), que me deixou num estado  mental, equivalente a uma larva de bicho da seda.
 Queria - pensava eu - ajuda numas sandálias, pois me fez uma pergunta lacónica e de resposta de largo âmbito. "-Cores?"- perguntou-me. Eu como não entendi ao certo de qual o modelo respondi - "-Bom dia, as que estão espostas!" - "A sério? Mas a minha filha comprou cá umas vermelhinhas..." - Oi? Como comprou cá umas vermelhas se só temos aquela côr? - pensei eu. "Mas tem a certeza que foi aqui que viu?"-"Claro!São as galochas mais lindas que eu já vi!!"-Mau, como me falas de galochas quando o Inverno já passou e não estão expostas?!? - estão a ver élfico só pode... um pouco parvo, mas élfico de facto.
 Anões é vê-los especialmente aos Domingos, sentados nas poltronas do centro comercial, com cara de poucos amigos a fazerem o frete de trazerem as companheiras ás compras.
 Orcs aparecem principalmente nas últimas quintas de cada mês, se bem que não matam ninguém, é um facto que poderemos ter um ataque cardíaco só de olhar para a fronha.
 Feiticeiros com o Gandalf, sinceramente, nunca vi, mas em retalho, nunca se sabe o que a proxima visita pode trazer...

terça-feira, 25 de abril de 2017

Pulp Fiction

 Boas,

 O post de hoje fala-vos de uma situação que se passou comigo, estava eu fresquinho com 2 meses de trabalho.
 O caso em si é tão absurdo que nunca mais me esqueci dele e porque também foi o meu primeiro contacto com aqueles clientes pertencentes a outra espécie animal cientificamente designada por Homo Stultus Ridiculum - em Português Homem Idiota e Parvo, mais vulgarmente conhecidos por bestas quadradas.
 Fiquei tão enervado que naquele momento me apetecia ter chamado o Samuel L Jackson e o John Travolta, para limpartem o sebo á criatura, mas como não estávamos no Pulp Fiction, mas sim numa realidade com casca grossa, tive de engolir o meu primeiro sapo.



 Ora eram aí umas onze e trinta da manhã quando sou abordado por um individuo que aparentava estar nos seus cinquentas. Tocou-me no ombro pois eu estava distraído a desmontar uma torre de computador que me tinham dado do S.P.V. - "-Olhe, quero uma cadeira de praia!"-diz-me com um tom autoritário. Fiquei assim meio atordoado com a pergunta estando nós da parte de electrodomésticos, mas como não era a primeira vez que me perguntavam por artigos de outra secção sem sequer um "bom dia" primeiro, já fui na desportiva quando lhe respondi, "-Bom dia!A secção de artigos de Campismo é nesta direcção e quando lá chegar é só pedir ajuda a um colega de lá.Sabe é que pertenço á secção de informática e por isso não sou a melhor pessoa para o aconselhar."
 Ora quando acabei de falar o senhor, que por si só, já tinha uma cara que fazia uma avestruz ganhar um concurso de beleza, ficou ainda mais cabeçudo disparando,"-O quê, você não me vai lá levar?Não me vai atender?"-ora bem, eu, que até aquele instante estava ainda em modo zen, sou como que transportado para uma cena de pancadaria do filme, pois o senhor, á medida que falava encostava do dedo no meu peito empurrando-me para trás. "Você, aqui, faz o que eu quero, é meu escravo!" - como?Importa-se de repetir?A vela apagou-se no teu já escuro cérebro?Pensei eu na altura. Fui obrigado a responder-lhe - "- O senhor está bem?"-"Está a chamar-me maluco?"-"quem, eu?", "não vale a pena, porque está a fazer um óptimo trabalho sozinho nisso mesmo", pensei comigo mesmo. 
 "-Ouça, não é por gritar e empurrar, que vai fazer com que o lá o que quer que seja feito, aconteça!Antes pelo contrario!""Ai não?"-grita-me saindo esbaforido em direcção á saída... Bem pelos vistos não, porque eu nunca mais o vi e ainda lá trabalhei seis anos. E é isto

domingo, 23 de abril de 2017

Alien

 Boas,

 O post de hoje fala-vos de clientes que por vezes recebemos nas nossas lojas, que não podem de maneira alguma ser deste mundo.
 Não estou com isto a dizer que nos deixem ovos espalhados na loja que ao eclodir expelem seres que nos atacam a cara. Não, de facto não. Deixam-nos antes boquiabertos com as enormidades com que nos presenteiam, ou ainda com a forma fantástica que têm em distorcer o que lhe dizemos, ou ainda de incrivelmente não entender a mensagem mesmo que a repeteamos até á exaustão.
 Ainda não há muito tempo, estava eu a fazer uma venda normalíssima quando sou interpelado pela senhora - "-Pode repetir?" - sim claro - "-Estava a dizer que os modelos básicos são estes e o valor é x"! - "-OK!Obrigado! o que eu pretendo é um modelo básico, pode dizer-me quais são?!" - mau, terei falado em Mandarim? Ou pertences a uma tribo da Patagónia e eu ainda não fiz a dança do ritual da venda? - "São estes aqui!" - Digo-lhe tocando nos artigos para que visualmente não haja dúvidas.
 "-E estes?!" - neste ponto e embora a minha vontade seja de chamar a Ripley para que faça uso do seu lança-chamas e me carbonize a fulana, respondo - "-Não só estes mesmo! Deseja experimentar?" - "Bem.." - começa com um ar de Madalena arrependida - "-O que eu quero mesmo é algo básico, por isso..." - naquele momento inspirei profundamente, porque o meu cérebro precisava de um pouco mais de oxigénio de modo a expulsar possíveis parasitas lançados por aquele Alien á minha frente.
-"Desculpe lá as perguntas..."-diz-me, talvez pensando na estupidez das mesmas-"Mas o meu pai ligou-me agora mesmo a dizer que a minha mãe partiu o fémur...e eu estou assim um pouco despassarada...é que podia ter escolhido um altura em que eu estivesse em casa!".



 Depois deste desabafo, não me contive e disse-lhe." -Sabe que isto não se escolhe. Já viu a sua mãe ligar-lhe a dizer - Podias passar cá se faz favor, que eu queria partir o fémur?" - O marido não se aguentou e soltou um sorriso e eu também porque toda a situação até agora parecia um sketch do Gato Fedorento, só que com Aliens á mistura.
 "-Pois é, pois é...não se escolhe..."-"Onde é que ela está no S João ou no S António?"-pergunta o marido - "-No S João!";"E onde é esse?" -  pergunta-me a mim que estava cada vez mais aparvalhado com estes dois seres que me caíram do espaço profundo para loja. Eu que só pensava ,"Mas querem comprar alguma coisa ou um guia turístico?", lá respondi, "-Esse é o da circunvalação.","Exacto o do Porto!"- retorquiu ela - O do Porto ? Porquê o outro é na constelação de Cassiopeia?
 Já estava a ficar mais enjoado do que os tipos que ficam com as criaturas a desenvolverem-se dentro deles nos filmes da Saga e por isso tive de perguntar, "-Sempre vai querer levar?"-"Sim, sim!" diz-me entregando o cartão. "Olhe e as melhoras para a sua mãe então."-"Mas a tua mãe caiu?"- pergunta-lhe o marido quando se dirigem para a porta.
 Era um lança-chamas agora.....

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Panic Room

 Boas,

 O post de hoje fala de um lugar famigerado - O Serviço Pós Venda. O S.P.V. é um sítio isolado, quase ao estilo da sala de panico onde Jodi Foster se esconde com a filha de uns tipos que lhe querem roubar o carcalhol e limpar o sebo.
 A situação passou-se, há uns anos quando trabalhava numa grande superfície.
 Além das vezes em que era chamado a intervir numa qualquer reclamação, havia também alturas em que eu, ou qualquer um dos meus colegas, eramos chamados a substituir o funcionário do S.P.V. para que este pudesse fazer a sua pausa, ou até mesmo durante um turno inteiro devido á falta do mesmo. 
 Embora cada um de nós fosse literalmente atirado aos lobos, aquando do seu "primeiro turno" no S.P.V., a verdade é que era com a experiencia dos mais velhos que iriamos aprender a lidar com as situações mais estranhas.



 Assim, foi a assistir á forma que um colega mais velho lidou com um cliente irascível que berrava aos céus o quão certo estava, que aprendi, que a melhor forma de lidar com calhaus com olhos é o eco.
 A situação começou com o Sr chegando aos berros disparando - "Está a ver esta bicicleta?!" -"Espere um pouco" - Responde-lhe o meu colega com uma voz que faria adormecer uma matilha de lobos - "Como?!?Está a mandar-me calar? - berra-lhe quase a fundir cara com cara.
 Fiquei estupefacto, quando vi que, enquanto o Sr mais berrava , mais o meu colega estava atento no Jornal da Noite, que passava na TV estrategicamente colocada por baixo do balcão, basicamente, não ouvindo uma única sílaba do que o homem dizia. 
 Sabem aquelas pessoas que falam muito alto, rápido e enraivecidas ao ponto que se começa a formar saliva no canto da boca? Exacto era nesse ponto que estava o senhor. Ao calar-se o meu colega interpôs - "Já acabou?" - resposta - "Se já acabei?!?"-"Ah...já vi que não!"- comentou piscando-me o olho-," Ó Hugo, já viste que ainda não deu nada sobre o acidente na A4?" - Ora bem, quando és um cliente a quem quase te explode a veia da testa por estares aos berros e o tipo que está á tua frente a receber a reclamação, subiu ao cimo do World Trade Center e te largou matéria fecal na testa, sabes automaticamente que és uma besta e que, por muito que berres, a tua reclamação não vai a lado nenhum e portanto...calas-te.
 Nesse momento o meu colega responde -"Já está mais calmo?!","Pronto, é que eu só lhe queria dizer que reclamações sobre artigos de desporto é no balcão central, aqui só artigos de electrónica de consumo, obrigado.
  

terça-feira, 18 de abril de 2017

Mission: Impossible

 Boas,

 O Post de hoje fala sobre algo que suspeito passar-se em retalho. O facto de quem aí trabalhar, pertencer secretamente á equipa IMF.
 A situação passou-se á mais de 15 anos, ainda eu era fresquinho no mundo do retalho e por isso, sem qualquer preparação para o que se viria a deparar.
 O que fazer quando um cliente te faz uma pergunta incómoda? O que fazer para ultrapassar uma objecção quando já estás na caixa pronto a receber? O que fazer quando te deparas com uma reclamação sem sentido?
 Pode paracer muito, mas para todas estas missões impossíveis, todo e qualquer funcionario de comercio de retalho está preparado e tem uma atidtude e resposta. Isto quer dizer que á partida, não existem situações intransponíveis no retalho, Bem, não é bem assim, existem aquelas, que pese embora haja uma solução, se tão absurdas são, que a velocidade com que o cérebro te congela após acontecerem, não te deixa conceber a solução logo de início.




 Trabalhava eu há pouco tempo numa grande superficie, quando fui abordado por um senhor, bastante simples, que pretendia comprar uma televisão. Embora não fosse a minha praia, na altura estava mais ligado á informatica, acedi com todo o gosto em ajudá-lo. Falamos de tudo um pouco, da vida, dos planos, enfim conversa que um vendedor gosta, para ganhar a confiança do cliente. Após algumas dúvidas entre dois artigos, pedi ajuda a um colega que promovia uma marca de TVs e juntos conseguimos fazer a venda. Após fechar o negócio encaminhá-mo-nos para a caixa e ficámos a fazer companhia á menina do caixa, pois ás vezes surgem dúvidas de última hora, que elas não estão preparadas para responder.
 Pergunta da praxe - "Como pretende pagar, dinheiro ou cartão?"-"Olhe, pago com cartão que fui hoje buscar ao banco e é a primeira vez!" - "Ora bem, vamos lá dar-lhe uso!"- brinquei eu para soltar um pouco o senhor que estava um pouco atrapalhado.
-"Pode fazer o pagamento"- Diz a menina apontando para o terminal de multibanco. Como o senhor não se mexia a menina disse-lhe novamente - "Tem de confirmar"- ora nesta altura o senhor inclina-se e diz "CONFIRMO"- Wow! o que é que se passou aqui? ficámos todos a olhar uns para os outros e após uns segundos de estupfacção a menina diz-lhe - "Não é isso tem de fazer "Verde ; Código ; Verde" - o homem volta a debruçar-se e repete para a máquina "VERDE,CÓDIGO,VERDE" - bem a esta altura o meu colega já tinha fugido para o armazém porque senão ainda lhe soltava uma pinguinha na cueca, eu por outro lado estava vermelho que nem um pimento tentando ver a luz e a menina da caixa do muito morena que era já nada restava pois estava branca como a cal.
 Finalmente por gestos, não fosse o diabo tece-las indicamos ao senhor como pagar.
 Se fosse o Tom Cruise, não sei se conseguiria ter melhor desempenho....

domingo, 16 de abril de 2017

The Da Vinci Code

 Boas,

 O post de hoje fala-vos da luta perpétua que existe na comunicação, (ou falta dela), entre lojista e cliente.
 Gosto de História, de enigmas e descobrir o passado para entender o presente e poder conjecturar sobre o que pode vir aí. Nunca pensei que este meu gosto por devorar tudo o que é documentário, séries e filmes com carácter histórico, me fosse tão útil no dia a dia.
 Senão, vejamos, tal qual como no "Código Da Vinci" em que uma versão alternativa da história de Cristo nos é apresentada e que, para chegar ao fundo da mesma, é preciso decifrar um código, também em retalho é preciso decifrar o "Código Da Vida" sobre o qual se regem os clientes que falam conosco e esperam que os entendamos e cumpramos s seus desejos.


 Quer dizer, seguramente que, se o Ian Brown alguma vez pensou em lojas quando escreveu o livro, foram, quando muito, lojas maçônicas, mas a verdade é que, fruto da necessidade adaptativa, quem em comércio trabalha tem de ter uma percepção especial, para perceber o cliente, ao estilo de - "olhe preciso de uma coisa, mas não sei bem o quê!" - assim, o códice que desenvolvemos, tornou-se indispensável a distinguir clientes, de brolhos que entram na loja para te provocar um cataclismo cerebral.
 A busca pelo Santo Graal dos clientes é um mito ainda maior, do que o possível facto de Maria Madalena ter sido a esposa de Jesus. Atestando isto está o caso que os passo a relatar.
 Há algum tempo, trabalhava eu numa grande superfície, quando fui chamado ao Serviço Pós Venda, devido a uma reclamação.
 Ao telefone dizem-me que o cliente está muito alterado. Ora bem, quem trabalha em retalho sabe que o SPV é a secção "inferno" da loja, (falarei dele detalhadamente num outro post), de tal modo underground, que, as companhias tendem a colocá-las o mais longe possível da placa de vendas. Por isso, quando és chamado a dar uma mãozinha, é sinal que o caldo já entornou, chapinou e cai pelas paredes abaixo.
 Quando lá chego, sou brindado com - "É voçê?É voçê que me vai resolver isto? Se não é ponha-se a andar!" - Ora bem eu, estudioso do códice, respondi - Vou fazer o meu melhor, o que se passa então?"-"O que se passa? O que se passa é que o meu filho comprou este jogo sem a minha autorização!" - "Mau..." pensei, "...mas isto é o SPV ou o Tribunal de Menores?"- "Como?!?" Pergunto-lhe. "Não percebeu, é Burro? Estou-lhe a dizer que o meu filho gastou 60 euros num jogo para o computador e agora quero devolver!"
 " Sim, entendi á primeira, mas segundo vejo no ticket, foi comprado á um mês e está usad...""Claro!!!"- interrompe-me -" SE o miúdo o comprou foi para jogá-lo, só que eu não quero." - espera lá deixa lá ver se o Cuco já deu as horas ou lhe falta corda, o teu filho palmou-te 60 paus e estouro-os e tu agora chamaste o ISIS e queres detonar o SPV porque isto não é a Santa Casa e eu não sou o Pedro Santana Lopes?
 "Mas... o que o senhor nos pede, não é possível, mesmo que quiséssemos passar por cima do prazo o jogo já foi aberto e devido aos direitos de autor não é possível devolver..." Aí não?!?!"" A vida de um lojista é um policial - "Vou chamar a polícia!" não é uma expressão estranha a tantos assim, se bem que na maioria dos casos em que se é ameaçado com a autoridade, os papeis de lesado e prevaricador, seriam certamente invertidos. Por isso quando a frase saiu, não me abalou nada, ao que respondi - "O Sr é que sabe, está no seu direito, mas tendo em conta a situação, nada vai se vai alterar!"- Vocês são uns aldrabões! E tu (o filho), quando chegares ao carro já sabes!"
 Não sei se soube ou não, provavelmente até foi na viagem de finalistas mandar-se do balcão para a piscina. Eu é que já estava na minha hora de almoço e apetecia-me cabrito porque era Páscoa.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Sin City

 Boas,

 O post de hoje fala-vos da visão que a maioria dos Homens tem de um centro comercial e do frete e figurinhas que fazem quando são levados pelas suas mais que tudo a entrar num.
 Toda a gente já viu, (e muito provavelmente viveu na primeira pessoa), aqueles senhores perfilados á porta das lojas num Domingo qualquer, ou dentro dos carros no parque de estacionamento, esperando pacientemente que a companheira, os filhos, ou até os dois, se for o caso, acabem a sua corrida desenfreada pelas oportunidades de compra.
 Isto deve-se a um fenómeno a que chamei, "Síndrome de Sin City", e isto porquê? Um Shopping é como uma cidade, com espaços de lazer, locais para descanso, para comer e para gastar o carcanhol. Isto é perfeito do ponto de vista das senhoras e da pequenada, não sei porquê, mas é! Eu, que trabalho em retalho, olho para um shopping, com outros olhos, com um propósito, por exemplo, preciso de algo, vou ao shopping, compro e pisgo-me. Sou incapaz de eleger "ir ao shopping" como alternativa de passar o tempo. 
 Ora com os senhores acima descritos, isto não se passa, eles vão ao shopping em alternativa, mas quando lá chegam já só querem sair dali para fora, porque aquilo é um antro, um casino clandestino onde a slot machine, (leia-se esposa), lhe vai sugar o guito todo. É portanto um Sin City bem ao estilo de Miller, mas onde infelizmente não encontraremos nenhuma Jéssica Alba a dançar o varão.


 Bem, até aqui tudo, a questão surge, quando estes senhores estão fartos de esperar e resolvem acompanhar as esposas num esforço de despachar a coisa, passando ao mesmo tempo a imagem de maridão sensível, (digam lá que esta imagem não vos é familiar). 
 Os lojistas, que estão equidistantes, conseguem visualizar todo um filme, quando estas parelhas lhes entram loja adentro. Ele é vê-los com expressões a fazer lembrar um interrogatório policial, do ar de sofrimento que fazem ás escondidas quando lhe perguntam "E este?", da rapidez ciclónica que sacam da carteira na hora de pagar, que faria envergonhar um Wild Bill Hickok na sua melhor forma.
 Nós do lado de cá do balcão, servimos muitas vezes de confidentes, lembro-me perfeitamente de há uns anos valentes um casal entrar e pedir ajuda para comprar uma TV. - "Sabe a nossa avariou..." - disse-me a senhora com um ar tristonho, eu, que estava ali para vender comecei por lhes mostrar o mais caro, para depois descer e no meio encontrarmos a solução. A questão está claro, no facto de o senhor querer o mais barato  e a senhora desejar o oposto, porque...-"Já que se vai gastar dinheiro, ao menos quero uma de jeito para ver a novela!"- o senhor por seu lado quando me apanhava sozinho lá deixava escapar - "Sabe isto é sempre a mesma história, quando vimos ás compras, precisamos de um dia inteiro!!"- "Pois... compreendo" - tentava eu partilhando aquele momento. Ás tantas o senhor, farto de tanta indecisão atira -" Como é? Vai esta?" - aponta para uma mais modesta - "Tu é que sabes!" - resposta meteórica da senhora. Ora, como se formos ao dicionário do "Vocabulário Feminino para Homens", esta expressão quer dizer, "Estás lixado!",
o senhor chamando-me para a sua beira, disse-me - "Quarenta anos!Quarenta!Embrulhe-me a mais cara e tire-me daqui!"

terça-feira, 11 de abril de 2017

Liar Liar

 Boas,

 No post de hoje falo-vos do que outrora foi o flagelo de retalho - O Livro de Reclamações - aquele livro no qual, antigamente, bastava tocar no nome, para que o capricho mais estapafúrdio de um cliente fosse atendido, onde só faltava pedir para o lojista baixar as calças e fazer a dança de acasalamento do Gnu Africano.
 Tais eram as absurdidades aí escritas, que, se lhe tivéssemos de mudar o nome, seria certamente para - O Livro dos Mentirosos - é que, caramba, pedir o livro porque o lojista se compromete com algo e não consegue cumprir no prazo, ainda estou como o outro, é chato, mas tem a sua razão de ser. Agora, pedir o livro porque, "-A sua colega está a limpar o pó e eu sou alérgica!", já soa um bocadinho a choné.
 É assim, eu não tenho nada contra os chonés, até porque também me faltam ponteiros ao relógio, só que ser um choné mentiroso é que já é abusar um bocadinho.
 Para mim era simples, o livro deveria estar equipado com uma espécie de encantamento que quando fosse aberto injustamente, o reclamante ficaria possuído ao estilo do filme Mentiroso Compulsivo.


 Não era "Top", (uma expressão muito em voga hoje), que o fulano que me pediu o livro para reclamar do que nas suas palavras era um "atendimento desonesto", quando começasse a escrever, os dedos se contorcessem, como se tivesse paralisia cerebral e parecesse que o corpo era autónomo ao estilo de um vídeo Youtube postado por alguém na Russia embebido em Vodka? 
 Era ou não perfeito também. que sempre que alguém te pedisse o livro sem razão a cada palavra proferida sofresse de igual descontrolo do esfincter? 
 Atenção... não estou com isto a dizer que os clientes não têm o direito de reclamar, têm não só o direito, como o dever de o fazer para que a loja em questão possa melhorar o seu serviço. Agora... têm de o fazer SE a razão estiver do seu lado e não como uma arma de arremesso ao género de "bem não tenho mais argumentos, vou usar o livro".
 A questão ainda está, penso eu no estigma que existe em algumas lojas mais "old school" onde o LIVRO ainda é um bicho papão, que quando se menciona o nome os funcionários fazem lembrar o Mr Bean, quando este se atrapalha com algo. Vá lá, deixem-se disso! Assim  o tipo do lado de lá do balcão que está a dizer que - "O jogo lhe pôs vírus no PC,!Quero devolver!", não vai pensar em pedir o livro, porque irá perceber, que a sua reclamação é equiparável ao conteúdo daquelas cisternas que circulam por aí atreladas a tractores...

domingo, 9 de abril de 2017

The Revenant

 Boas,

 O post de hoje fala sobre um tema que NÃO é querido, a quem nas vendas trabalha. Falo das devoluções.
 As devoluções eram algo que afligia comerciantes num passado não muito distante, quase tanto como o Livro de Reclamações, do qual falarei num futuro post. Não é que estejamos no Estados Unidos da América no séc XIX a comercializar peles como o Leonardo Dicaprio em "The Revenant", continuam a afligir sim, mas por motivos diferentes, se não vejamos.


 Quem trabalha em vendas gosta do acto de vender, da sensação que se obtém quando convences alguém com argumentos de que, AQUELE é o produto e ESTA é a loja em que o deves comprar. 
 Não gosta, contudo, do acto inverso, da devolução. É como se o trabalho tido fosse desperdiçado, como se te dissessem que "o produto que me vendeste não é suficientemente bom para eu ficar com ele". Isto, está claro, quando se tratam de devoluções feitas por pessoas dentro dos parâmetros daquilo que vulgarmente apelidamos de Homo Sapiens. 
 A questão está, quando a razão para a devolução, ultrapassa A Razão e o cliente pertence a outra espécie. Isto é, por exemplo, quando alguém te aparece á frente e te diz que quer devolver um artigo de higiene íntima, que -"só usou por dez minutos, mas, não se adaptou" - o que dizer? Algo do género "Olhe, já tomou os comprimidos, ou o salão de festas vai continuar sem musica?".
 Ou quando te pedem o dinheiro de volta de um frango comprado na véspera pois - "não estava saboroso" - apresentando-te os ossos do mesmo, o que dizer-lhe também? Talvez... - " Sim senhor, só tem de tomar este laxante, porque o artigo tem de ser devolvido na totalidade"
 Existe ainda o célebre "Olhe, venho devolver porque me deram uns iguaizinhos" - que coincidência...milhões de artigos e deram-te uns exactamente iguais, o quer dizer portanto, que o facto de ser meio do mês e não teres um duro na carteira não tem nada a ver...claro.
 A minha questão aqui é esta. Se não queres o artigo, seja lá porque razão fôr, não dês desculpas, não trates o funcionário da loja como um debiloide, não o subestimes, porque ele já ouviu essa desculpa um milhão de vezes.
 Era como se os tipos que deixaram o Leonardo Dicaprio á sua sorte, voltassem e lhe dissessem -"Desculpa lá que a gente deixou-te aqui e matou-te o filho por engano, pensávamos que era um urso!"

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Top Secret!

 Boas,

 No post de hoje, quero fazer um desabafo. Falo-vos de questões, afirmações e dúvidas, que nos são colocadas no dia a dia e que fazem, a  quem no retalho trabalha, questionar-se se não estará a viver um filme non-sense, bem ao estilo "Top Secret" que ainda esta semana revi.
 Não é que seja grave...mas são frases estúpidas, que nos calham a todos e acontecem até no mais improvável cenário, ao género de - "É funcionário?" - ao que se podia responder - " Não... sou parvo e gosto de vestir-me com fardas e brincar ao quem é quem!" - e que em comércio estas perguntas atingem o grau superlativo da idiotice.


 Senão vejamos alguns exemplos - "Só tem isto?" - sim só... só temos...sua anta, se tivéssemos mais e como vivemos disto, não acha que estava exposto?
 "- Gostava disto, mas no preço dos de promoção!" - exacto! Sabe, é que, se assim fosse, só existiriam artigos de promoção e a malta gosta de ter lucro para pagar as contas.
 "-Já vi tudo! Não tem nada!" - bem vamos lá ver em que é que ficamos, já viu tudo, ou não temos nada? É que as duas...
" - Não estou a perceber, isto é publicidade enganosa!"- pois, eu também gostava que voçê tivesse cérebro e percebesse á primeira, mas é a vida...
" - É sempre a mesma coisa, o que eu quero, nunca tem!" - Eu também gostava que sempre que jogasse na lotaria me saísse o primeiro prémio...

      




" - O preço é este?" - Como, "o preço é este"? Voçê está maluco? Acha que a equipa iria ter todo o trabalho de marcar manualmente 3000 artigos só para indicar o preço nas etiquetas?
" - Não senhor! O seu colega é que me disse que era assim!" - sim claro, o meu colega, tenho de investigar isso porque só trabalho com meninas...
" - Comprei uma máquina destas aqui o ano passado e não era nada disto!" - exacto, tendo em conta que diz "novidade" na etiqueta, por isso é que não era nada disto.
 A lista é interminável e eu podia estar aqui o dia todo a relembrar frases épicas, mas a verdade é que, se as contasse todas, deixavam de ser... Top Secret. 
 A questão que a mim mais espécie me faz é... porquê? Porquê que quando te passam este tipo de enormidades pelo hemisfério norte, não refletes um pouco antes de as dizer? Se estás chateado e queres descarregar, vai ao ginásio. Se não entendeste algo diz simplesmente, - "Olhe pode ajudar-me? Não estou a perceber."- é que a figura de parvo que achas que vais fazer ao pedir ajuda é completamente inversa comparada ás perolas de intuição com que nos brindas.
 Vá lá. façam um esforço, vem aí a Páscoa e o 25 de Abril....



terça-feira, 4 de abril de 2017

Swiss Army Man

 Boas,

 O post de hoje fala-vos de algo que um candidato a trabalhar em retalho tem de ter plena consciência, a palavra polivalência tem de ser o pilar do seu ser. Tem de ser como um canivete Suíço, um Swiss Army Man, preparado para todos os desafios. 
 Senão vejamos, existe algum outro tipo de emprego em que, logo na entrevista te seja colocado um certo tipo de perguntas/condições do género:
 - Tem disponibilidade de horário para trabalhar por turnos?
 - Existe flexibilidade para folgas rotativas?
 - É pro-activo/a?
 Quando te bombardeiam com isto e ainda nem sequer começas-te a trabalhar, tens de ter a plena noção de que o que o anúncio dizia - "Gostas de vendas, de lidar com o público e trabalhar numa equipa jovem e ambiciosa?" - é mais na verdade - "Sentes-te pressionado com números, safas-te com anormais e aguentas fazer todo o tipo de tarefas?".


 Mas é isto mesmo que fascina quem cá trabalha. Tal como no espetacular filme "Swiss Army Man", que nos diz que é nos momentos mais difíceis que a amizade, o companheirismo e a entre-ajuda pode até transformar um ser humano numa especie de canivete Suíço, em retalho é na adversidade, nos desafios e naquele cliente difícil que domamos, que está a diferença e a quebra com um emprego convencional das nove ás cinco, no qual sabemos á priori a tarefa a realizar e que é a mesma do dia anterior e provavelmente, igual á de amanhã.
 Trabalhar em retalho é saber que ser o melhor não chega, porque existe algo que se chama - "Processo de Melhoria Contínua" - traduzido por miúdos para - "Esfalfa-te, Esfola-te, Consegues melhor" - em que és levado a ser constantemente ultrapassado por ti mesmo.
 Embora, em abono da verdade, existam momentos em que secretamente se deseje uma secretária com um computador e processos para despachar iguais ao do dia anterior, a verdade é, que no final já não sabemos o que é trabalhar sem um objectivo e de olhar para trás e ver que para te bater a ti próprio, tiveste de te reinventar constantemente dentro de um sistema já inventado.
 No final do dia o que fica, mesmo tendo lidado com um fulano ou outro mais difícil, são os sorrisos de todos os outros e a vontade de voltar amanhã e fazer melhor.


domingo, 2 de abril de 2017

Back to the Future

 Boas,

 Sabem aquela sensação de déjà vu ? Para quem trabalha nas vendas isso é o fermento no pão, o queijo na marmelada, é A sensação dominante.
 O post de hoje fala disso mesmo, dessa sensação de estarmos a falar com a mesma pessoa, ou de já termos vivido quele momento e sabermos de antemão o que vamos dizer e fazer. é como se fossemos um Marty Mcfly num Regresso ao Futuro não muito distante a ouvir "That´s the power of Love" do Huey Lewis.
 A verdade é que, tirando os Delorean voadores e skateboards de igual capacidade, idiotas como o Biff ( burros como um cepo e que acabam a comer estrume - metaforicamente claro) é o que mais há.



 Um claro exemplo passou-se há algum tempo, quando trabalhava numa loja especializada em fotografia.
 A loja em questão além de vender produtos, também prestava serviços, como por exemplo sessões, casamentos e revelações, tendo por isso um nicho de clientes. Ou seja, já sabíamos com o que contar.  Certo dia, perto da hora de jantar, entra-me um senhor esbaforido pela loja dentro, dizendo que queria reclamar de um serviço. Falava de um casamento que tinha fotografado e agora as fotos estavam "uma vergonha".
 Quando tens um cliente, supostamente profissional, a quem revelaste um serviço de 600 fotos, algumas em grande formato, partes do principio que, ao fazer-te uma reclamação de um serviço, queixa-se da cor, do papel, formato, enfim algo deste género. Não este "fotógrafo" queixava-se das fotos - "Como?!" - perguntei - "Sim, senhor!Olhe lá para isto!" Tudo desfocado!É uma vergonha uma casa destas apresentar-me um serviço destes!" - vamos lá ver, pensei eu, calma,  este tipo, que deve ser uma cobra zarolha, no mínimo, com uma acuidade visual de uma toupeira, queixa-se que a revelação lhe desfocou as fotos?!? Também deve ter sido a revelação que lhe colocou aquele poste de iluminação no enquadramento da foto...
 Eu, que muito sinceramente não poderia dizê-lo de outra maneira respondi-lhe - "Desculpe mas isso não é possível" - "Ahhh, fui eu então quer ver?" - Responde-me levantando a voz, ao que tive a segundos de lhe responder algo do género, "Deve ter sido o noivo, porque com um camafeu como aquela para o resto da vida, eu também queria que as fotos saíssem desfocadas", - "Ouça..." - digo-lhe - "O que o senhor se queixa não é tecnicamente possível numa simples revelação sem edição, que é o que se trata aqui", "O Senhor descarregou as fotos no servidor e estas foram impressas, só." - "Então é da maquina! Também a comprei aqui!"-responde-me indignado.
 Neste ponto pensei, "O que é que tu queres?Pipocas?Não temos!Posso -te indicar estrume para meteres nessa cabeça a ver se te cresce um fungo que te coma o órgão que tens a ocupar o sitio do cérebro. Mas de repente ocorreu-me  -"Desculpe, o senhor não esteve aqui na semana passada?!"- "Não não fui eu!" - pois, deve ser déjà vu...