terça-feira, 27 de junho de 2017

Backdraft

 Boas,

 O post de hoje salta um pouco do habitual deste blog, o mundo do retalho, para um mundo mais aberto, o dos incêncios de verão.
 É a minha forma de homenagear aqueles que o combatem e também de compartilhar o sentimento de revolta da podridão que envolve o combate ás chamas.
 Backdraft - um filme excelente - fala disso mesmo, da política por detrás do combate, de todos os interesses e lobbys que estão por detrás de uma chama e que, também já na vida real, fizeram alguns bombeiros passarem-se da marmita e começarem a atear em vez de apagar.




  Para mim - no fundo para qualquer Português com dois dedos de testa - para além da catástrofe em si, é uma vergonha que uma calamidade como a que se abateu sobre o País há cerca de duas semanas, tenha acontecido. 
 Fenómenos meteorológicos aparte, a desgraça adivinhava-se, e isto porquê? Por culpa de todos.
 Em primeiro lugar cada um de nós que tenha um terreno - se bem que é mais fácil e fica mais barato deixá-lo entregue á natureza - tem de cuidar dele, limpar e garantir que caso haja um "fenómeno natural" a retardação da chama é mais eficaz.
 Depois deverá haver um incentivo á reflorestação ordenada e multicultura, porque não é preciso ser um Engenheiro Florestal, para perceber que se a mancha verde possuir várias espécies de árvores a retardação é também mais eficaz.
 Poderia enumerar mais pontos, mas nenhum deles faz sentido, se a fiscalização não existir de uma forma incisiva eficaz e dura, muito dura!
 Sendo lógico que como o maior proprietário de terra em Portugal o Estado deva dar o exemplo primeiro, limpando e reflorestando as suas próprias matas, mas,  não é por não o fazer, que não vai andar em cima de quem não o faz também, senão o que acontece é isto, Republica das Bananas e tudo a arder.
 Em vez de se procurarem cabeças para cortar, deve-se antes usar as cabeças que temos para evitar um enorme Backdraft.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Ferris Buellers´s day off

 Boas,

 Já não publicava há uma semana! Isto porque o trabalho não me tem libertado o tempo que necessito para vos falar do que vai cá dentro e porque, quando estou de folga...estou de folga.
 O post de hoje fala-vos disto mesmo, de, tal qual como no filme - que lançou para o estrelato Mathew Broderick e inspirou muita malta nos anos oitenta em como curtir á grande - levar a vida e o tempo com que ela se gasta, na boa e tirar o que de positivo há, pois de chatices já estamos nós cheios.
 Este lema de vida , " Always look to the bright side of life" - brilhantemente espelhado na épica cena da crucificação de Monthy Python - tem sido o meu desde a minha infância e elevado á décima quinta potencia, desde que comecei a trabalhar nas vendas.
 Sabem, aquilo que oferecem á vida, a vida oferece-vos de volta, ás vezes a troca até pode parecer injusta no momento, mas uma coisa é certa, andarmos de cara fechada, ranzinzas, a reclamar por tudo e com todos por dá cá aquela palha, é meio caminho andado para que tudo piore e te pareca cada vez mais nego.




 Já trabalhei em algumas empresas, onde o stress é uma constante e a resposta tinha de aparecer antes da pergunta e pesando embora, a eficiência fosse um must, a verdade é que quando a descontração começou  ser engolida, a inovação, irreverência e ultimadamente a vontade de trabalhar e ser o melhor esfumou-se.
 Em retalho, tu não tens tempo para estar mal disposto, a tua cara é a tua ferramenta de trabalho mais preciosa e acredita, se estiveres com uma fuça, que mais parece um iaque a defender o seu território, nem o melhor preço do mercado te vai safar.
 Lidar com emoções é o nosso dia a dia e pensa, tens o poder de transformar o dia da pessoa, que estava prestes a detonar o cinto de explosivos, num simples "obrigado por tudo". É esta a tua maior realização, sim porque não estou a falar que te deixes calcar e que a hiena que está aos berros na loja te trate mal, naõ é isso! É mais vencer a ignorância com inteligência, de desarmares a besta com um sorriso, mostrando-lhe que realmente está a ser uma besta e cair em si do ridículo.
 Não é facil, mas pensem lá se não é muito melhor! Feliz dia!!!!

terça-feira, 13 de junho de 2017

They live!

 Boas,

 O post de hoje fala-vos de pessoas estranhas, clientes ou visitantes, que, por muito que os esforcemos, não conseguimos entender, quer o que dizem, ou o que pretendem.
 Já há algum tempo que tenho vindo a reparar que, com as excepções de aves raras que nos visitam em determinados dias e aos quais já dediquei posts aqui e também aqui, existem visitantes muitos estranhos, que nos entram em dias aleatórios, ao mesmo tempo e que, possuem um raciocínio muito próprio, mas que ao mesmo tempo não possuem mais traços comuns. Isto é, nacionalidade, estrato social, educação, cultura, nenhum destes denominadores é comum ao Homúnculo - é assim que eu os designo - pois são aparentemente humanos por fora, mas se virmos bem, são uma espécie Alienígena que se mistura entre nós e tenta controlar quem somos.
 Muito ao género do "Eles vivem" de John Carpenter um excelente filme para quem gosta do mix entre terror e Sci-fi, que, á parte de ter um Roddy Piper na sua única aparição digna de registo no grande ecrâ, tem acima de tudo um enredo estupendo que nos diz que existem uns seres que se misturam entre nós e que nos tentam controlar a mente através de mensagens subliminares e que só conseguimos ver através de uns óculos especiais.




 Ora, pessoalmente nunca tinha acreditado neste tipo de seres até vir trabalhar para o retalho, quando o primeiro me apareceu á frente, se bem que um pouco descontrolado, pois disse-me claramente - "Eu sou o cliente e você é o meu escravo!" - bem como já nesse dia eu não me deixei controlar e fui descoberto pela seita como um dos que viam quem eles realmente eram, passaram a visitar-me com alguma regularidade nos sítios onde tenho trabalhado.
 A última aparição deu-se no dia 10 de Junho deste corrente ano - Dia de Portugal. Neste dia já estás a contar que te apareçam uns espécimes raros, é feriado nacional, fim de semana, factores que conjugados, fazem normalmente sair da toca, predadores que se mantêm á cuca esperando a sua oportunidade.
 Mas desses comemos nós ao pequeno almoço, (geralmente ao domingo), portanto tratavam-se claramente de olutros seres. Eram para aí umas onze e meia da manhã quando me entra uma família pela loja dentro. Saudei-os, mas não obtive resposta devido ao histerismos colectivo que começou nas crianças e se alastrou á génese mais velha rapidamente. Nestes casos e devido também á experiencia com Aliens pergunto sempre "Português?", porque, quando são humanos geralmente responde algo como -"Non";"Nein";"No" , ou então no caso dos nosso primos mais próximos dizem "De Galícia"- no caso de uma raça Alienígena, a reação normal é o incrementar do histerismo e de um aparente desconhecimento de que existe um humano a tentar comunicar.
 Como normalmente insisto mais do que uma vez, o que acontece de seguida é que chega mais família o que transforma a loja numa espécie de ritual Africano onde só falta um grupo de Gospel a cantar "Shout!".
 A finalidade disto tudo é a liquefação cerebral do lojista e á qual só se consegue escapar com treino retalhista intenso, que te ensina a desligar o hipotálamo, blindando assim o cérebro das microondas emanadas pelo riso histérico e idiota proferido pela manadas de bestas. Espero que a descrição da cena vos sirva de alerta para melhor identificarem os bicho. Cuidado!Eles Vivem! 

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Blackadder

 Boas!

 O post de hoje fala-vos daquele tipo de pessoa, neste caso cliente, que se julga muito inteligente, que gosta inclusive de mandar piadinhas durante a venda, de forma a mostrar a sua superioridade de intelecto, mas, que no fundo, não passa de uma cobra zarolha, com a acuidade intelectual de um pinheiro.
 Eles são os "víboras negras". Tal como no original "Blackadder" que nos entreteve ao longo de quatro temporadas, brilhantemente interpretado por Rowan Aktinson, Hugh Laurie e Tony Robinson, onde todos se achavam brilhantes, sendo na realidade calhaus com maior ou menor grau de dureza intelectual.



 Vejam, bem, eu não tenho nada contra as pessoas inteligentes, folgo muito com a sua existência e quantas mais pisarem este nosso pontinho azul no universo, melhor futuro teremos certamente.
 Já no que diz respeito aos espertos, já não comungo da mesma opinião. Isto por uma razão muito simples. Salvo excepções, uma pessoa inteligente, não precisa de anunciar que o é, ou fazer-se notar, ou pior ainda de se auto-elevar. Um esperto é aquele que, ou por um lado se acha inteligente ou por outro não tem noção da sua estupidez.
 Em retalho um lojista encontra por vezes spécimens deste género de hominídeos, (Homus Brutos), no seu dia-a-dia.
 No meu caso a última vez, foi em conjunto com uma colega, há bem pouco tempo. Abordei um casal de meia idade que olhavam curiosos para um determinado artigo - "Procuram algo específico?" - perguntei, após a saudação inicial, -"Está tudo controlado!" - responde-me o senhor. "OK" pensei eu afastando-me e acenando com a cabeça para baixo em tom de conformidade. 
 Mas a verdade é que passado cinco minutos, continuavam imóveis como se estivessem a admirar uma obra de arte na parede, ora, como não estamos no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia e o meu mural não é o Guernica, fui obrigado a intervir novamente.
-"Estou a ver que tem dúvidas, qual o tamanho?"-"Nem maior nem mais pequeno!"-responde-me - "ahhh, claro, pois, que lindo vês?", pensava eu enquanto acenava com a cabeça ao mesmo tempo que esboçava um sorriso amarelo capaz de envergonhar um Tailandês.
 Como a resposta ideal para um idiota é o silêncio, o tamanho veio logo a seguir. "Deseja mais alguma coisa?"-"Para quê? Já tenho um para cada pé!"- pronto, temos comediante, só que o teatro fechou por falta de assistência... novo silêncio seguindo-se um esclarecedor "pois..." de minha parte- "Não, é só."-"muito obrigado!A minha colega tratará do pagamento." . Segue-se nova pérola, virando-se para ela - "Tenho de pagar?" ... bem, a minha colega, como sabia que não aceitamos coelho, broa, arroz ou tro tipo de bens em troca, pois vivemos numa sociedade de consumo lá respondeu - "Pois é, faz parte não é?"
 Mas porquê? Quem é que lhe disse, que aquelas saídas tinham piada e lhe davam um ar inteligente? O Baldrick? Não... Espera! "I have a cunning plan!!"


terça-feira, 6 de junho de 2017

Dances with Wolves

 Boas,

 O post de hoje fala-vos de encontrar um caminho para o sucesso, de uma realização pessoal, de perceber onde é o teu lugar.
 Não, não estou a falar do Tenente John Dunbar  e na sua viagem para o desconhecido para perceber que era com os índios que se sentia bem, no excelente Danças com os Lobos, um dos poucos filmes Western feitos já recentemente a que tiro o chapéu e o melhor protagonizado por Kevin Costner sendo que o outro já falei aqui e o terceiro é JFK, com o qual não irei fazer nenhum post, pois sinceramente, trabalhar em retalho, por muito fantástico que seja, não chega para fazer analogia com um filme onde, enfiar um balázio na tola de um presidente e gerar inúmeras teorias da conspiração é o enredo principal.
 Estou sim a falar da descoberta que cada um de nós faz no percurso da sua vida, até se encontrar confortável com quem é e com o que faz.


 No meu caso, após todos os meus sonhos de adolescente de ser músico, ou actor, terem esbarrado na dura realidade de um rendimento fixo ser mais urgente do que uma inspiração num papel transformada em melodia, surgiu sobre no fascínio de lidar com pessoas.
 Se reparem bem, todos os meus post são sobre pessoas. Embora o tema central seja o retalho e tudo o que de engraçado o rodeia, na verdade, todas as peripécias e narrativas, não teriam lugar, se não houvessem protagonistas, cromos, sem as quais a caderneta do lojista, estaria vazia.
 Eu até gosto mais de animais, é um facto, mas eles não compram, são os seus pais humanos que o fazem, por isso tenho de me rir só com eles.
 O post de hoje é curto, curtinho, como a vida, a qual deve ser bem saboreada porque de agridoce todos temos um pouco, mas é do salgado ou picante que gostamos mais.

domingo, 4 de junho de 2017

Untouchables

 Boas,

 O post de hoje fala-vos de uma coisa que para mim é intocável -um bom coração- ser o mais possível um tipo correcto, alguém em que se pode confiar e estabelecer uma ligação.
 Falo-vos disto porque, tal qual como no brilhante "Untouchables", ( o primeiro dos três únicos filmes do Kevin Costner que gosto), em que o carácter está acima de tudo, na vida de um lojista, que convive com ínumeras pessoas no seu dia a dia, ser genuinamente "bom" é uma mais valia.
 Senão vejamos, quantas vezes náo entramos todos nós numa loja e quando nos dirijimos ao caixa somos atendidos pela reencarnação de Frankenstein, ou ainda quando procuramos um artigo, ter a sensação que somos assombrado pelo Fantasma da Ópera?



 É que é disso que se fala aqui, da atitude que se tem perante a vida e á qual - não tenhamos dúvidas disso- a vida te responde na mesma moeda. 
 Já todos ouviram certamente falar na "Lei de Murphy" - quando uma coisa corre mal, então provavelmente mais coisas correrão mal - ora Murphy era certamente um tipo cheio de energia negativa e por isso, se via a vida negra, era normal que quanto mais olhasse, mais negra ficava.
 Quando estamos atrás de um balcão, não temos vida negra, ela será, para não ofender os mais conservadores, vá lá, azul celeste, podendo ter a certeza de que, quanto mais celeste fôr, mais cores se seguirão.
 E toda esta argumentação porquê? Porque, não raras as vezes, quem te entra pela loja dentro é o Murphy, sim aquele, resolveu comprar-te umas calças, ou uns sapatos, ou um frigorífico novo, porque, como se passou comigo há uns anos atrás, o que tinha lá em casa "-Avariou como tudo na minha vida" e tu tens de lhe mostrar que "-Já viu? Se o Frigorifico não tivesso ido para a companhia dos pés juntos, não teria a oportunidade de comprar esta pechinca a metade do preço"(...) "olhe lá se isto acontecia daqui a um mês...Já não se safava!".
 O tipo, que até tinha entrado com vontade de se tornar no Charles Manson de Ovar e assasinar meia loja, riu-se e disse, "Ó amigo tem razão já tava podre de velho, pior que a minha sogra"-"Sogras em promoção não temos!" -disse-lhe- "graças a Deus" - respondeu com uma risada - "quando precisar de um fogão novo já sei onde vir.
 Já sabe, nem que seja para uma conversa, que é assim que um tipo leva o dia...

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Harry Potter

 Boas!

 Hoje é o dia mundial da Criança. É o meu dia! Confesso publicamente que tenho uma dentro de mim e que, mentalmente, em alguns casos, não terei evoluído para além dessa fase.
 Simplesmente adoro a sua maneira simples de pensar e tento aplicá-la o tanto quanto possível no dia a dia, pois o adulto tem o dom de complicar tudo e achar que tudo tem um segundo sentido, ou até de dar um sentido completamente diferente ao que na realidade se trata.
 Não vou falar de uma situação em concreto pois já dediquei um post á pequenada no passado -  este - o que quero sim é prestar-lhes a minha homenagem uma vez mais.
 Os petizes são mágicos, umas vezes porque fazem coisas impossíveis e outras, porque nos fazem desejar ser ilusionistas para os fazer desaparecer a eles ou a nós próprios. 
 Para mim, seria tudo mais fácil se o mundo fosse como o retratado em Harry Potter. 
 Um bando de putos que resolve os problemas com magia? O que melhor poderia ser? 
 Por exemplo - cliente ao berros na loja, tratando mal toda a gente - " Harry! podes chegar aqui se faz favor?" - Tau o homem passava a falar com voz de Rouxinol que assim podia berrar á vontade que era musica para os nossos ouvidos. Coisas desse género!


 Isto porque na mente de uma criança tudo é mais simples! Se não gostamos de algo, então o melhor é transformar esse algo numa coisa boa, ou pura e simplesmente fazer de conta que ele não existe.
 Nas birras não falo, isto porque, muito embora seja irritante aturar uma birra, ( elevem isso á quinta potência,  pois por vezes são N miúdos a fazer birra ao mesmo tempo numa loja, o que dá perfeitamente para liquefazer o cérebro a qualquer um), a verdade é que em adulto continuamos a fazê-las, só que as consequências podem ser bem piores do que uma simples palmada no rabo.
 E embora eu não deseje Dementors a ninguém, existem outros seres que habitam o universo de Harry Potter, que me dariam um jeitaço se pudessem trabalhar em part time na loja, ou ainda melhor se podesse evocar o meu Patronus quando um cliente mais difícil entrasse na loja.
 A verdade é só uma, o mundo é muito melhor, visto com olhos de criança. Por isso é que continuo a fazê-lo! Não percam a criança em voçês! Feliz dia!